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Alheio ao Nada
- Rafael Serra
- 29 de ago. de 2017
- 1 min de leitura
Grita a sirene.
Esquivo.
Passo ao largo no
vazio.
A rua é deles.
Bilhões deles.
Borbulhando,
se encostando,
querendo.
Eu ouvido.
Eles bocas,
devorando tudo
sem deixar farelo.
O asfalto suporta quieto esse banquete.
À margem, escuto o farfalhar da mastigação.
O ar salpicado de amarelo
e felicidade vencida.
Tenho fome...
Fome de tudo!
O cardápio inteiro
nesse segundo intermitente.
Não consigo comer,
minha boca é muda.
O som da sirene se esvai
surdo na madrugada.
Cruzo a pista, não olho pra trás.
Expiro a fumaça...
e a vida segue adiante.
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