top of page

Alheio ao Nada

Grita a sirene.

Esquivo.

Passo ao largo no

vazio.

A rua é deles.

Bilhões deles.

Borbulhando,

se encostando,

querendo.

Eu ouvido.

Eles bocas,

devorando tudo

sem deixar farelo.

O asfalto suporta quieto esse banquete.

À margem, escuto o farfalhar da mastigação.

O ar salpicado de amarelo

e felicidade vencida.

Tenho fome...

Fome de tudo!

O cardápio inteiro

nesse segundo intermitente.

Não consigo comer,

minha boca é muda.

O som da sirene se esvai

surdo na madrugada.

Cruzo a pista, não olho pra trás.

Expiro a fumaça...

e a vida segue adiante.


Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
bottom of page