Chegando
- Rafael Serra
- 29 de ago. de 2017
- 1 min de leitura
Forçam-me a saída,
sou expulso.
enxotado do mundo como um cachorro sarnento
tudo o que sou
já era.
o que tinha, não sei,
foi roubado de mim
e essa cara velha que
não reconheço?
a que me lembro está imóvel
aprisionada no amarelo mijo de fotografia antiga
o tempo se encaminha
os meus partiram,
jazem em cama funda
de terra
os poucos que restam
se vão em memórias senis
apagadas
encaixotados no cimento cinza
sozinhos
esquinas,
prédios,
largos e calçadas
todos os instantes perdidos
no amontoado das horas.
essa cidade,
palco da vida
da minha juventude
de todos os flertes
e das aventuras
não me pertence mais
até a luz foi tirada de mim
no escuro
tateio...
infelizmente sinto concreto o absurdo da vida.
em instantes o derradeiro momento
o último gole de ar
a voz do diretor
incisiva
a interromper a vida
corta!
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